Como urbanista e amante da arte, sempre tive um interesse profundo na interseção desses dois campos. A minha paixão por viagens, por descobrir e explorar novos lugares, sempre me permitiu ver as paisagens urbanas com um olhar diferente. É um processo contínuo de absorção de experiências, de aprender a ver através de diferentes lentes e moldar sua percepção do mundo ao redor. E essa “andança”, esse nomadismo, sem dúvida, tem um impacto profundo em meu trabalho.
Desde sempre, a arte ocupou um lugar de destaque na minha vida, proporcionando-me não só um prazer estético, mas também uma maneira de interpretar e compreender o mundo e suas mentalidades. Por outro lado, a minha profissão como arquiteta e urbanista exige que eu olhe para o espaço, não só geofísico, mas também social, cultural e afetivo. É na confluência dessas perspectivas que o meu trabalho encontra a sua essência.
Vejo na cidade a essência da rica e plural interlocução e negociação das mais variadas demandas e necessidades humanas. Uma verdadeira sinfonia! Para apoiar sua regência, o desenho urbano sustentado por políticas públicas e modelos de governança ocupam, ou melhor, devem ocupar lugar de oportunidade onde as pessoas, seus grupos, as empresas e organizações associativas não são apenas usuárias, mas participantes ativas.
Procuro viajar bastante e colher sinais e referências relevantes deflagrados pelas cidades ao redor do mundo. Observar como a arte se manifesta em cada detalhe urbano – das fachadas arquitetônicas às intervenções de rua, dos espaços públicos às interações humanas – tem sido meu dedicado objeto de investigação. Cada cidade, com sua cultura e caráter únicos, me ensina que é um elemento indispensável na modelagem da paisagem urbana. Hamburgo, Berlim, Fés, Tel Aviv, Rotterdam…
A riqueza dessas experiências sempre alimenta o meu trabalho. Em cada projeto, em cada consultoria estratégica tento infundir o poder da arte e da educação na estruturação do espaço urbano. Essa organização dos espaços urbanos a partir da arte e da educação ocupa lugar fundamental no acolhimento e construção identitária e cidadã da população, fomentando perspectivas de corresponsabilidade das pessoas para com seu entorno, apropriando-se coletivamente do espaço público. Em outras palavras, poderia dizer que esta é a força de um urbanismo responsável e sinérgico com as facetas e vozes das diversas culturas e economias que compõem as cidades.
E por isso, é essencial repensar nossa (enquanto vicio brasileiro adotado historicamente pelas suas ações ou “inações” de planejamento urbano e políticas urbanas) abordagem ao planejamento urbano. Compreender que as ações de transformação das cidades devem necessariamente nascer de modelos onde a corresponsabilidade pelas ações estejam previamente delineadas e pactuadas. Onde o modelo de governança garanta perspectivas de longevidade, monitoramento e correção dos erros ao longo do tempo. Isso requer uma mudança de paradigma em nossa percepção do que é uma cidade, suas vozes, seus agentes, sua economia, seus valores.
Em resumo, minha jornada só vem reforçando minha crença sobre o quão importante é a fusão da arte, educação, corresponsabilidade e urbanismo. E assim seguirei explorando e promovendo esta visão em meu trabalho, instigando a mim e a todos nós a respeito das oportunidades de realizações onde a cidade é fim…é meio…é processo de transformação, ativação, valorização e regeneração!